SONETO PROVERBIAL


SONETO PROVERBIAL
Net 7 Mares
(Dueto com Herculano Alencar)

Se um velho sapato inspira a um soneto,
'Inda que, daquele, fale tão mal,
Permita-me o amigo, aqui, um dueto
Ao qual quero dar tom proverbial:

Num dia, alegria; noutro, tristeza...
Na vida, não há dia, a outro, igual.
Só no derradeiro dia, a certeza
Da morte é que dá um diferencial.

Convém então encarar um mau dia,
O dia que não nos traz alegria,
Com um belo sorriso e disposição:

Se o dia é daqueles bem aziago,
Em que dói o pé, a hérnia e o lumbago,
Com versos, transforme-o em bela canção.
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Poema para um sapato velho
Herculano Alencar

Eu tive um sapato branco e preto
que todo mundo achava preto e branco.
Fazia-me andar um pouco manco,
tão manco quanto anda este soneto.

E digo, aqui, com todo o respeito
que deve merecer um bom sapato
e pra não parecer que sou ingrato:
o coitadinho era bem mal feito!

Mas, apesar do calo e da frieira,
calçou este meu pé que inda cheira,
pois cheiro de saudade não tem fim.

E ainda que eu seja um neonato
na arte de rimar, o meu sapato
encontra a rima certa para mim.

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